ABSTRACT This article presents an analysis of the urbanization vector of Pari - a neighborhood located in the East Zone of the city of São Paulo - at the turn of the 19th to the 20th century, based on the elaboration of a Geographic Information System (GIS), based on the spatialization of data found in real estate transcription books (property purchase and sale records), between 1890 and 1900. Composed basically of farms and vacant land, the locality experienced, at that time, the beginning of its urbanization, due to the transformations that affected the city as a whole, motivated by the development of the coffee economy, the end of slavery, mass immigration and the beginning of its industrialization. In a short period of time, the capital of São Paulo expanded in size, number of people, buildings and functions. In this scenario, the rural and floodplain areas around the city center became the focus of occupation, including Pari. Cut by the railway that connected the city of Santos to Jundiaí in 1867, the neighborhood was gradually cut by a series of streets, occupied by industries, activities, services and residents of different social classes, boosting the real estate market. Understanding aspects of the process of appropriation and production of the spaces of this locality, and the different social groups involved, helps us to understand the nature of the urbanization process of São Paulo as a whole, its specificities and the relationship with other regions of the city.
RESUMO Este artigo apresenta uma análise sobre o vetor de urbanização do Pari - bairro localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo - na virada do século XIX para o XX, a partir da elaboração de um sistema de informação geográfica (SIG), com base na espacialização dos dados encontrados em livros de transcrição de imóveis (registros de compra e venda de propriedades), entre 1890 e 1900. Composta basicamente por chácaras e terras devolutas, a localidade viveu, naquele momento, o início da sua urbanização, em razão das transformações que atingiam a cidade como todo, motivadas pelo desenvolvimento da economia cafeeira, pelo fim da escravidão, pela imigração em massa e início da sua industrialização. Em um curto espaço de tempo, a capital paulista se expandiu em tamanho, número de pessoas, edifícios e funções. Nesse cenário, as áreas rurais e de várzea ao redor do centro da cidade passaram a ser foco de ocupação, entre elas o Pari. Cortado pela estrada de ferro que ligava a cidade de Santos à de Jundiaí, em 1867, o bairro foi sendo, paulatinamente, retalhado por uma série de ruas, ocupado por indústrias, atividades, serviços e moradores de diferentes classes sociais, impulsionando o mercado de imóveis. Compreender aspectos do processo de apropriação e produção dos espaços dessa localidade, assim como os diferentes grupos sociais envolvidos, auxilia-nos a entender a natureza do processo de urbanização de São Paulo como um todo, suas especificidades e a relação com outras regiões da cidade.